segunda-feira, 19 de maio de 2008

A inércia social e a difusão de responsabilidade


Uma observação usual que muitos de nós fizemos, é a de que pessoas trabalhando em um grupo costumam não se esforçar o suficiente, muitas vezes deixando que os outros façam o trabalho. Provavelmente já tivemos essa impressão em relação aos de mais ou mesmo conosco. Pois justamente a cerca disso um psicólogo social, chamada Bibb Latané, ao pesquisar a literatura a cerca desse fenomêno já então estudado desenvolveu uma teoria a respeito dessa observação e a chamou de inércia social. Um dos primeiros estudos a respeito dessa teoria foi realizada por um engenheiro agrônomo francês (Ringelmann, 1913). Na tentativa de verificar se este suposto fenômeno constituia uma verdade, ele elaborou um experimento que consistia em medir a força com que os participantes puxavam uma corda, por meio de medidores sensíveis à pressão nela colocados, primeiramente sozinhos, posteriormente em grupo. Se os participantes despendessem a mesma força tanto sozinhos como em grupo, então o desempenho grupal seria a soma dos esforços conjuntos dos participantes. No primeiro caso o participante utilizava uma força X que será tomada aqui como uma porcentagem de 100 (100%). Posteriormente foram colocados dois participantes a puxar a corda, como esperado a força despendida pelos participantes decaiu de 100% para cerca de 95%, em seguida foram utilizados na medição grupos de 3 e 8 pessoas, a força despendida na tarefa decaiu para 85% e 49%, respectivamente.
O resultado é interessante e comprova a hipótese levantada, a de que quando atuamos em grupo dividimos a responsabilidade da ação com os de mais membros do grupo, diminuindo assim o esforço realizado, como já nos sugere próprio nome do experimento.
Essa pesquisa interessou principalmente à instituições, em geral empresas, que necessitavam lidar com tal fenômeno e intencionavam aumentar o índice de produção dos empregados. Para isso uma possível solução seria uma avaliação individual dentro do contexto grupal no qual os trabalhadores operam, anulando assim o efeito da Inércia Social.
Latané prosseguiu executando uma série de experimentos concernentes à inércia social junto de seus colaboradores. O fenômeno de fato foi constatado por meio de outros experimentos que não só o de puxar a corda, mostrando-se presente em diversas culturas, sendo caracteristico não só em adultos, como também em crianças.

Os índicios desses estudos apontam para a teoria da difusão de responsabilidade, como uma possível razão para o fenômeno. As pessoas que trabalham sozinhas julgam-se responsáveis por terminar determinada tarefa, porém quando trabalham em grupo, esse senso de responsábilidade difunde-se para os de mais. O mesmo ocorre, por exemplo, se um professor nos faz uma pergunta em sala de aula, e nela há somente dois alunos presentes, de fato nos sentiriamos fortemente responsáveis por responder a questão, mas caso houvesse mais 40 ou 50 alunos na sala a situação seria diferente, nos sentiriamos menos responsáveis por dar uma resposta. De forma semelhante em uma situação de emergência, em que alguêm, por exemplo, sofra um acidente e precise de ajuda, sentiriamos o peso da responsabilidade sobre nós, o que nos orna mais propensos a tomar uma atitude, muito mais do que se houvesse outras pessoas que poderiam ajudar o ferido. Isso revela que a disposição das pessoas em ajudar em uma crise encontra-se inversamente relacionada ao número de outras pessoas presentes.





3 comentários:

Psicólogo Cláudio Drews disse...

Estas e outras teorias das quais sinto falta como aquela época na qual não vivi... Se é que você me entende. :D

Kárcio Oliveira disse...

Ótimo artigo, já havia estudado sobre esse conceito de inércia Social, e é bastante interessante e vc transcreveu sabiamente. Parabéns adorei teu blog!!!

Acesse o PALCO DA MENTE e também o
PsycoTube:

www.palcodamente.co.cc
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Espero por Vc!!!

Kárcio Sángeles
ecosdaalma@hotmail.com.br

Lucas Natan disse...

Muito legal a teoria, me lembrei na hora dos trabalhos em grupo na escola, onde sempre tem quem faz mais, quem faz o básico e quem não faz nada.

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