terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Hipnose


A hipnose é uma prática muito antiga, pregressa a quais quer relatos escritos. Em diversas culturas humanas houve métodos de indução hipnótica. Povos de todo o mundo o utilizaram por meio de cânticos, mantras, sons rítmicos de tambores, em práticas de meditação, Yôga, artes marciais e para finalidades ritualísticas religiosas e de cura. A hipnose moderna começa em 1773, com Franz Mesmer, um médico que acreditava obter curas por meio de magnetismo animal. Mais tarde foi questionado por uma comissão de intelectuais da época, sendo denunciado por fraude. A partir daí começaram pesquisas de maior significância sobre o fenômeno que seria posteriormente utilizado por psiquiatras e psicanalistas, como Charcot, Breuer e Freud.
Imagine a si mesmo dirigindo um carro em uma estrada. Você fixa a atenção nas faixas, enquanto passam monótona e gradativamente, aos poucos ficando sonolento. O som do rádio toca ao fundo uma música suave e relaxante. Você sem se dar conta pode estar aos poucos entrando em um estado de maior receptividade a sugestões.
Provavelmente todos nós já passamos pelo processo de indução hipnótica, de forma mais ou menos aprofundada. Portanto, não constitui um acontecimento raro ou anormal. O operador (termo de Erickson para hipnotizador) pode fazer sugestões pós-hipnóticas, em que dá ao hipnotizado determinada mensagem ou ordem. Por exemplo, lhe diz que sempre que observar determinado objeto sentirá um sabor de algo doce na boca. Pode sugerir a ele ter menor estresse e sugerir-lhe também mecanismos para lidar com este.
Antes de discorrer mais a fundo sobre a hipnose, é importante fixar-se, em outro fenômeno que é fundamental dentro dela, a consciência. Esta permanece sendo um tema controverso, alvo de estudos de diversos pesquisadores. Para o filósofo da mente, John Searle o conceito é simples, sendo um fenômeno biológico natural, em suas palavras: “Consciência se refere àqueles estados de sensibilidade e ciência que começam normalmente quando acordamos de um sono sem sonho e continua até que durmamos novamente, caímos em coma, morremos ou ficamos inconscientes”. O próprio Searle complementa nos dizendo que: “A consciência (...) é um fenômeno interno de primeira pessoa”.
A consciência de seres humanos, tais como a de outras espécies de animais, tais como pássaros, mamíferos, entre outras, esta condicionada a estruturas neurônicas complexas (SHIMIDT et al, 1979, p. 329). Para o homem a consciência é, pois, indispensável para o adequado processo de adaptação deste ao seu meio ambiente. William James, nos primórdios dos estudos da Psicologia enquanto ciência independente, já nos falava, de seu potencial de garantir ao homem, tal como afirma Shimidt, fixar-se em diferentes estímulos e aprender coisas novas, consumando assim o já mencionado processo adaptativo.
Importante atributo da consciência e ferramenta da hipnose é a atenção. O hipnotizado deverá focá-la em um determinado aspecto de sua imensa gama de experiências internas ou estímulo ambiental externo. No caso da hipnose a voz do hipnotizador é um dos estímulos. Tomando o exemplo de Myers, em seu livro “Introdução à Psicologia”, tente imaginar-se dirigindo um carro pela primeira vez. Obviamente despenderemos grandes esforços a fim de coordenarmos e memorizarmos toda uma seqüência de movimentos. Pisar no acelerador com a pressão adequada, manusearmos o volante, e o câmbio e ainda mantermos a atenção no espelho retrovisor e velocímetro. Até que de esta atividade, de tanto realizada, termine por se automatizar exigir menos demanda de nossa consciência. Dirigir um carro torna-se então, uma tarefa simples. As de mais atividades de nosso cotidiano, com as quais não possuímos experiência prévia não ocorrem muito diferente, como podemos constatar por meio da experiência.
Segundo Myers e Davidoff, ao longo de nossa vida experienciamos, o que se chamam, diferentes estados de consciência. Como exemplo, temos o sono e dentro destes subfases (estágios), tais como o sono NREM (Non Rapid Eyes Moviment), os estágios 1, 2, 3, 4 e o sono REM. Se considerarmos a consciência como um conjunto de capacidades produzidas pelo cérebro humano, tais como atenção, pensamento, entre outras, poderíamos afirmar a hipnose como sendo um estado alterado.
É possível produzir, por meio de sugestão, alucinações no hipnotizado. Tal efeito sugere alterações em elementos que provavelmente caracterizam a consciência. A hipnose poderia ser também um estado de consciência dissociada, como acreditam muitos pesquisadores.
Funções cognitivas associadas com os lobos frontais do cérebro, podem estar especificamente envolvidos na hipnose. A área frontal tem, no entanto, sido de grande interesse quando se pesquisa por mudanças neurais associadas com a hipnose. Foi especificado em estudo experimental de caso com um indivíduo considerado altamente hipnotizável, um “virtuoso”. Este foi submetido à hipnose e, utilizando-se do eletroencefalograma (EEG), demonstrou-se que a hipnose induz reorganização na composição de oscilações cerebrais especificamente in no córtex pré-frontal e lobo e hemisférios direito do lobo occiptal.
A hipnose ficou caracterizada por uma significativa assimetria do hemisfério direito dominante. Os padrões EEG gerais observados durante a hipnose não retornaram aos níveis EEG base registrados.
Os resultados da EEG, refletida na ativação neural e cognitiva também demonstram que, de fato, há um acréscimo no alerta e atenção na hipnose. Cabe, porém, lembrar que este é um estudo de caso.
Muitos teóricos, no entanto, conceituam a hipnose como uma extensão de capacidades normais do ser humano. Este proveniente de uma extraordinária influência social sobre os indivíduos.
Indivíduos não hipnotizados são capazes de realizar muitas das ações que indivíduos hipnotizados demonstram-se capazes de fazer. Tal como, o exemplo da "fantástica ‘prancha humana", em que um homem enrijece seu corpo, ficando deitado ereto somente com os ombros e cabeça sobre uma cadeira e a extremidade inferior das pernas sobre outra. Da mesma forma muitos afirmam que, por meio da hipnose, é possível fazer com que um indivíduo realize ações perigosas, para si e para os demais. Porém, estudos envolvendo influência social revelam que pessoas não hipnotizadas também podem.
Experimentos e teorias provenientes das pesquisas em Psicologia Social, como a teoria da Inércia Social de Bibb Latané, o estudo da conformidade e aprovação social de Asch e o experimento a respeito de figuras de autoridade de Milgram, revelam a influência da sociedade e do hipnotizador em nossas ações e julgamentos. No exemplo de Milgram, os indivíduos despojam-se de sua responsabilidade ao receberem ordens de “superiores”, julgando que a responsabilidade por seus atos, deixa de ser suas.
Como nos mostram tais estudos, representamos ou introjetamos em nosso dia-a-dia diversos papéis sociais, sejam eles familiaresm profissionais, entre outros. Papéis que nos afirmarão uma identidade e permitirão nossa adaptação ao meio social, trazendo-nos satisfação.
Diariamente forjamos também, expectativas quanto aos eventos, o que influirá em nossas reações ao nos depararmos com eventos semelhantes. Um voluntário à hipnose pode, pois, gerar uma expectativa quanto à experiência e voluntarizar-se a se comportar da forma que acha que um hipnotizado deva se comportar, ou seja, incorporar o papel que lhe foi dado. Prontificando-se a participar de uma sessão de hipnose com uma platéia observando, o indivíduo pode, portanto, ver-se pressionado a desempenhar tal papel com sucesso. É possível que tal expectativa produza igualmente uma forte inclinação às ordens do hipnotizador. Somado aos fatores sociais, hipnotizadores utilizam-se também de fatores fisiológicos. Qualquer um, se colocado em um ambiente calmo e confortável, tenderá a sentir-se mais relaxado e sonolento. Se mantivermos os olhos abertos olhando para cima os sentiremos cansarem. Da mesma forma é fato conhecido, hipnotizadores usarem técnicas de indução ao transe. Pede-se, por exemplo, para que os voluntários ao processo cruzem os dedos das mãos com força em determinadas posições e sugerir-lhes que estas se tornem mais difíceis de serem separadas por vontade consciente. Realmente, as mãos “atadas” em certas posições podem se tornar difíceis de separar, porém não impossível. Tais fatos, somados a sugestão do hipnotizador podem produzir fortes resultados, tornando os candidatos à hipnose mais receptivos as sugestões.

Referências

ALEXANDER A. FINGELKURTS et. al., Hypnosis Induces A Changed Composition of Brain Oscillations in EEG: A Case Study.

ARONSON, Elliot, Psicologia Social, 3ª ed., Ed. LTC, 2002, RJ.

DAVIDOFF, Linda, Introdução a Psicologia, 3ª ed., 2004, SP.

ERICKSON, Milton, Hipnose médica e odontológica, ed. Editorial Psy, 1994, SP.

MYERS, David, Psicologia, Ed. LTC, 2006, RJ.

SCHIMIDT, R. F., Neurofisiologia, editora E.P.U, 1979, SP.

SEARLE, John R., O mistério da consciência, editora Paz e Terra, 1998, SP.

KANTOWITZ, Barry H., Psicologia Experimental, Ed. 8ª, ed. Thompson, 2006, SP.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Atuação e personalidade


Leia e reflita.





Digamos
que você participe de um grupo de teatro. Você e seu grupo decidem fazer uma brincadeira, que consiste em durante o período de uma semana interpretar uma personagem no seu dia-a-dia para ver as reações das pessoas às personagens criadas, bem como treinar suas capacidades de atuação, afinal, não haveria treino melhor do que na própria realidade, enganando as pessoas no dia-a-dia. A interpretação tem ínicio, e vai muito bem, a cada dia você adquiri cada vez mais facilidade para agir como o personagem fazendo-o de forma cada vez mais automática, sem ser tanto você mesmo ao ter alguma falha na atuação. No terceiro dia de atuação, você, ou talvez seja melhor dizer, o personagem que você interpreta, conhece uma menina enquanto anda de ônibus e acaba por gostar realmente dela e ela de você. Vocês trocam números de telefone e passam a se encontrar ao longo da semana. Porém, você fica inseguro de perder sua afeição ao admitir que aquele que ela conheceu é na verdade uma personagem, uma interpretação sua, e que na realidade sua verdadeira personalidade, gostos, e maneirismos são no entanto significativamente diferentes, seu temor no entanto não reside na mentira, mas sente-se angustiado pois sabe que ela se apaixonou por um personagem e não por aquilo que você costuma ser. Você termina por seguir com a farsa. Um tempo depois ela acaba por descobrir, por meio de um amigo que você mentiu o tempo todo e termina com você, você tenta convencê-la a voltar atrás e revela-lhe sua personalidade verdadeira, porém ela não só não sente qualquer atração por ela, como também não estaria de qualquer forma disposta a perdoá-lo pelo que você fez.

- As questões que quero tratar com essa estórinha inventada são:

. Seria o personagem que você interpretou durante todo esse tempo e que ganhou o amor da menina, você?

. Por que a menina se irritaria também com a questão da mentira?

. Pressupomos que aquilo que você interpretou seja de certa forma você, ao menos você utilizou de conhecimentos que dispunha para promover tal atuação, então não seria por você que a menina se apaixonou?

. Há grande diferença entre aquilo que você é e aquilo que você conhece, sabe e usa para promover uma interpretação?

. E se o personagem for interpretado durante tanto tempo que chegue a se tornar um comportamento praticamente automático, uma vez que é executado inumeras vezes, então passaria a ser "natural" do sujeito?
Conclusão:

Obviamente o proposto experimento mental não apresenta uma resposta única e totalmente objetiva, porém serve para exercitar o raciocinio e nos mostrar certas verdades a que estamos habituados e que muitas vezes negamos ou nos passam simplesmente desapercebidas.
Não é verdade que nós no nosso dia-a-dia interpretamos papéis? Fingimos ser educados quando não temos vontade por que isso nos é incentivado, quando não obviamente imposto sobre nós e que ocorre devido à diversas normas sociais...O marido por exemplo diz para a esposa que a calça Jeans que ela usa cabe-lhe perfeitamente no corpo, enquanto na verdade ela esta acima do peso ou dizemos que a comida da sogra esta saborosa quando de fato não sentimos que esteja. Com o caso da atuação é diferente, mas não tanto quanto imaginamos, de fato se observarmos perceberemos o quão artificiais seriam muitos de nossos comportamentos, sendo que por mais estranho que seja é muito do que nos define como seres humanos. Quantas vezes não executamos ações que a príncipio não nos eram naturais, e nem consideradas comuns e com o tempo depois de certo treino tornaram-se automáticas e tomadas por nós como verdades. Já vi muitas crianças se questionarem quanto a certas crenças ou sentido de certos acontecimentos, como por exemplo, a existência de Deus, por que as crianças não devem fumar sendo que muitas vezes seus próprios pais fumam, ou por que tem que ir pra escola desde pequenas. Geralmente elas receberam uma brilhante resposta de seus pais que serve para responder à todas as questões: "Porque sim". Será mesmo que isso é uma boa resposta? O que eu sei é que de fato evita ser encomodado e dá um fim na conversa!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A inércia social e a difusão de responsabilidade


Uma observação usual que muitos de nós fizemos, é a de que pessoas trabalhando em um grupo costumam não se esforçar o suficiente, muitas vezes deixando que os outros façam o trabalho. Provavelmente já tivemos essa impressão em relação aos de mais ou mesmo conosco. Pois justamente a cerca disso um psicólogo social, chamada Bibb Latané, ao pesquisar a literatura a cerca desse fenomêno já então estudado desenvolveu uma teoria a respeito dessa observação e a chamou de inércia social. Um dos primeiros estudos a respeito dessa teoria foi realizada por um engenheiro agrônomo francês (Ringelmann, 1913). Na tentativa de verificar se este suposto fenômeno constituia uma verdade, ele elaborou um experimento que consistia em medir a força com que os participantes puxavam uma corda, por meio de medidores sensíveis à pressão nela colocados, primeiramente sozinhos, posteriormente em grupo. Se os participantes despendessem a mesma força tanto sozinhos como em grupo, então o desempenho grupal seria a soma dos esforços conjuntos dos participantes. No primeiro caso o participante utilizava uma força X que será tomada aqui como uma porcentagem de 100 (100%). Posteriormente foram colocados dois participantes a puxar a corda, como esperado a força despendida pelos participantes decaiu de 100% para cerca de 95%, em seguida foram utilizados na medição grupos de 3 e 8 pessoas, a força despendida na tarefa decaiu para 85% e 49%, respectivamente.
O resultado é interessante e comprova a hipótese levantada, a de que quando atuamos em grupo dividimos a responsabilidade da ação com os de mais membros do grupo, diminuindo assim o esforço realizado, como já nos sugere próprio nome do experimento.
Essa pesquisa interessou principalmente à instituições, em geral empresas, que necessitavam lidar com tal fenômeno e intencionavam aumentar o índice de produção dos empregados. Para isso uma possível solução seria uma avaliação individual dentro do contexto grupal no qual os trabalhadores operam, anulando assim o efeito da Inércia Social.
Latané prosseguiu executando uma série de experimentos concernentes à inércia social junto de seus colaboradores. O fenômeno de fato foi constatado por meio de outros experimentos que não só o de puxar a corda, mostrando-se presente em diversas culturas, sendo caracteristico não só em adultos, como também em crianças.

Os índicios desses estudos apontam para a teoria da difusão de responsabilidade, como uma possível razão para o fenômeno. As pessoas que trabalham sozinhas julgam-se responsáveis por terminar determinada tarefa, porém quando trabalham em grupo, esse senso de responsábilidade difunde-se para os de mais. O mesmo ocorre, por exemplo, se um professor nos faz uma pergunta em sala de aula, e nela há somente dois alunos presentes, de fato nos sentiriamos fortemente responsáveis por responder a questão, mas caso houvesse mais 40 ou 50 alunos na sala a situação seria diferente, nos sentiriamos menos responsáveis por dar uma resposta. De forma semelhante em uma situação de emergência, em que alguêm, por exemplo, sofra um acidente e precise de ajuda, sentiriamos o peso da responsabilidade sobre nós, o que nos orna mais propensos a tomar uma atitude, muito mais do que se houvesse outras pessoas que poderiam ajudar o ferido. Isso revela que a disposição das pessoas em ajudar em uma crise encontra-se inversamente relacionada ao número de outras pessoas presentes.





terça-feira, 15 de abril de 2008

Resumo de Filosofia

Ai vão algumas coisas que achei relevantes no texto “Filosofia: elucidações conceituais”. (Cap.4) relacionadas também a algumas de outras leituras.
Estudem também pelos textos, pois estes são apenas alguns pontos que considerei importantes para facilitar a retenção de informações na memória, o que não exclui de forma alguma os de mais dados propiciados pelos textos fornecidos pelo Prof. Ériko.

Filosofia:

Forma racional de compreensão do mundo, homem, realidade, etc. É uma forma crítica de ver o sentido e significado do mundo e das coisas e que direciona a vida dos indivíduos e do coletivo. Relaciona-se a nossa práxis, e tem por objetivo também criticar as mesmas, tais como, por exemplo, as praticas das ciências e seus métodos. Visa também entender o que é a arte, as questões que tratam sobre o bem e o mal (ética), enfim...um “Conhece-te a ti mesmo” e um “conhece o mundo”.
Nasce do espanto e admiração de si e do mundo. Não seria uma posse da verdade, mas sua busca.

A partir do inventário do senso comum que se pode iniciar o processo crítico do próprio entendimento do mundo. O primeiro passo no exercício do filosofar é identificar os princípios do senso comum que dão sentido e razão de ser à nossa existência. O segundo passo desse exercício é produzir uma crítica sistemática da concepção fragmentária, ingênua e contraditória do mundo. O terceiro passo do filosofar é resultado do segundo: a construção de um entendimento coerente, orgânico e sistemático de compreender a realidade.

O modo de exercitar o saber filosófico em Sócrates continha duas partes: a primeira denominava-se “ironia”, que em grego possui o significado de “perguntar”, tinha por objetivo questionar o entendimento comum que os interlocutores de Sócrates tinham dos fenômenos, fatos, acontecimentos cotidianos, etc. Quando ele percebe que seus entendimentos de mundo eram frágeis ia para o segundo passo chamado “maiêutica”, que significava parto, ele dizia ter herdado isso de sua mãe que era parteira, porém ele auxiliava a dar a luz idéias verdadeiras, verdade essa que direcionaria a prática moral dos seres humanos.

Dialética Platônica significa retomada da maiêutica socrática, acrescentando a contraposição, em que as intuições vão sendo contrapostas até que se chegue a um ponto mais aproximado das essências ideais. Ele trata do mundo das idéias, ou seja, das essências, portanto do verdadeiro.

Aristóteles levou a filosofia a um maior exercício lógico. Procedia por meio do encadeamento de proposições lógicas, seu raciocínio dedutivo tentando assim chegar a verdade. Ele ia das considerações genéricas para as especificas, formulando as proposições universais assumidas como verdadeiras para que delas deduzisse outras proposições coerentes.

Santo Agostinho retoma na idade média parte da forma de filosofar da antiguidade grega. Para ele a verdade esta dentro de si mesmo, de sua alma e que coincidia com Deus. Sua obra Soliloquium trata de fazer diálogos consigo próprio.

Essas são algumas das informações dos de mais textos:
(OBS: não tratei resumidamente de todas as partes devido ao pouco tempo que tive disponível; Ficou também excluso o texto “Principais períodos históricos”).

Sócrates é condenado à morte por envenenamento (por ingestão de cicuta), acusado de corromper a juventude e negar os deuses da cidade. Teria na realidade perturbado com a ordem e poder social estabelecido que favorecia certos grupos e indivíduos que desejavam manter as coisas como estavam.
Guiava-se pelo principio de que nada sabe, e disso parte para o questionamento do que lhe era familiar.

Filosofia de vida seria um filosofar espontâneo de todos nós. Contudo a reflexão do filósofo tem exigências de rigor que vão além do que é habitualmente proposto pelo senso comum.

A filosofia seria radical por buscar explicitar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir. A reflexão filosófica deve ser rigorosa, em método, linguagem, sistematização. A filosofia é globalizante no sentido de visar ao todo, possui uma função interdisciplinar estabelecendo elos entre as diversas formas do agir e pensar humanos.

Filosofia e ciência:

A ciência tende para a especialização enquanto a filosofia ainda visa o todo. A ciência adquire maior objetividade, devido as suas investigações e verificabilidade, que lhes permitem uniformidade de conclusões. Cientistas também muitas vezes se utilizam das questões filosóficas em seus estudos, ao tentar, por exemplo, entender o que é ciência, o que é método, qual sua validade, etc.
A filosofia pode fazer uma discussão moral sobre as implicações das ciências e seus resultados éticos, seus métodos, etc.

Formas de conhecer:

*Intuição:

É o ponto de partida do conhecimento, possibilidade de invenção, descoberta, grandes “saltos” no saber humano.
Intuição sensível: Conhecimento imediato dado pelos órgãos dos sentidos.
Intuição inventiva: Intuição do sábio, artista, cientista, quando criam novas hipóteses; também na vida diária, enfrentamos situações que exigem soluções inventivas, verdadeiras invenções súbitas.
Intuição intelectual: é a que se esforça por captar diretamente a essência do objeto.

*Conhecimento discursivo:

É o conhecimento que se dá por meio de conceitos. Opera por etapas, encadeamento de idéias, juízos e raciocínios que levam a determinada conclusão. Para isso a razão precisa abstrair (“isolar”, “separar de”). O fazemos, por exemplo, ao separarmos um elemento de uma representação.



A verdade

O falso e o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas no juízo, no valor de verdade da afirmação, no qual se estabelece o vínculo entre sujeito e objeto. Há verdade ou não dependendo de como aparece para o sujeito que conhece. Por isso dizemos que algo é verdadeiro quando é o que parece ser.

Ceticismo e dogmatismo

Dogmatismo é a doutrina segundo a qual é possível atingir a certeza. Do ponto de vista religioso é a verdade fundamental e indiscutível de uma doutrina. No campo não religioso passa a designar as verdades não questionadas e inquestionáveis, a pessoa de posse da verdade fixa-se nela e abdica de continuar a busca. O mundo muda e os acontecimentos se sucedem e ele permanece petrificado nos conhecimentos dados de uma vez por todas.
Ceticismo significa “procura”, “investigação”, diz que a sabedoria não consiste em alcançar a verdade, mas somente em procurá-la. O cético tanto observa e tanto considera o que conclui, nos casos mais radicais, pela impossibilidade do conhecimento. Nas tendências moderadas orienta-se para a suspensão provisória de qualquer juízo ou admite uma forma relativa de conhecimento (relativismo), reconhecendo os limites para a apreensão da verdade.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Resumo de Psicologia Social


O QUE É PSICOLOGIA SOCIAL

INTRODUÇÃO: PSICOLOGIA E PSICOLOGIA SOCIAL

A Psicologia estuda o comportamento, desde os condicionados conscientemente até os inconscientes a diversos níveis. Para determinar se determinado comportamento é social leva-se em conta as influências genéticas e ambientais no organismo, bem como suas características individuais geradas por esses dois fatores.
A Psicologia Social visa estudar o comportamento de indivíduos no que tange suas influências sociais, ainda assim buscando o que nos caracteriza como espécie dentro de certas condições ambientais. Para isso estuda a linguagem, história, cultura,entre outros fatores.

COMO NOS TORNAMOS SOCIAIS

Os outros

O ser humano ao nascer é frágil e necessita do outro para sobreviver e posteriormente se desenvolver, o que já o fará membro de um grupo.
Nos grupos sociais encontramos normas, que caracterizam os papéis sociais, determinando assim as relações de seus indivíduos que serão mais ou menos rígidas, dependendo da necessidade de manutenção do mesmo. Temos como exemplo o papel de mãe, pai, professor, policial, entre muitos outros. Mas para que todos esses papéis sejam “interpretados” faz-se necessário que exista sempre uma interação entre os indivíduos e que haja respectivos papéis que os complementem, é o exemplo do chefe e seus chefiados.
A individualidade pode existir desde que se mantenham as relações básicas exigidas e as características essenciais do papel para a manutenção dessa sociedade. O viver em grupo também constitui essa individualidade, pois permite o confronto em que cada um é capaz de construir seu eu nessas interações.

A Identidade social

É o que nos caracteriza como pessoa. Nossos traços de personalidade, história de vida, etc. Basicamente o que respondemos quando alguém pergunta sobre quem somos e que basicamente se constrói em nossa relação com os de mais.

Consciência de si

Os papéis sociais seriam criações sociais que vão-nos sendo apresentadas ao longo da vida como se fossem ”necessários e naturais”, dando-nos a ilusão de liberdade. Porém são as condições sociais decorrentes da vida material que os determinam.
Somente quando questionarmos a condição sócio-histórica em que vivemos e os mecanismos empregados nessas ações e suas necessidades, que ditam por que agimos como agimos, é que estaremos desenvolvendo a consciência de nós mesmos.

COMO APREENDEMOS O MUNDO QUE NOS CERCA

A linguagem

Ao que os estudos indicam, a linguagem é fruto do desenvolvimento histórico humano, quando esses necessitaram cooperar para sua sobrevivência. O trabalho cooperativo, organizado, planejado e que permite ao homem controlar as forças da natureza, só foi possível graças a esse desenvolvimento.
A linguagem evoluiu ainda mais, devido a maior complexidade das divisões de trabalho, pois a sobrevivência estando garantida permitia aos homens voltar-se a outros aspectos, tais como as artes, religião, tecnologias, entre outros. Isso evoluiu de tal modo que dividiu ainda mais o trabalho: em manual e intelectual.
Estudos mostram que o desenvolvimento intelectual depende muito do desenvolvimento da linguagem, pois esse é condição essencial para que se dê o processo que nos permite generalizar, abstrair, figurar, ir para além do aqui e agora se “deslocando assim no espaço e tempo”, planejar, prever, lembrar, simbolizar, idealizar, entre outras capacidades.
O assunto também evoca uma importante questão, o da separação entre o agir, o pensar e o falar. Se os separarmos, teórica ou valorativamente, ocorre a alienação da realidade. A ação depende da reflexão, a fala depende da ação, entre outras combinações. O fazer produz algo, o falar pode não criar nada, dando a ilusão de produção de algo.
A linguagem se produziu socialmente pela atribuição de certos significados às palavras. Quando uma autoridade definida como tal pela sociedade impõe um significado especifico, único e inquestionável para determinada palavra que determina uma ação automática é que essa se torna uma ferramenta poderosa. Podemos observar facilmente no comando militar, por exemplo, em que é retirada a liberdade de expressão e pensamento do soldado e imposta uma ordem por meio de uma palavra que possui um só significado. O soldado não necessita pensar, pois há aqueles ditos superiores que pensam por ele. Para que se resista ao poder da palavra é necessário existir o pensamento entre a própria palavra e a ação.
Nossas representações são forjadas tendo como base nossas relações sociais. Elas se dão, por exemplo, na medida em que outros conceituam e afirmam determinado objeto como sendo tal. Portanto a representação é o sentido pessoal que damos aos significados gerados pela sociedade.

A HISTÓRIA VIA FAMÍLIA E ESCOLA

A família

Família é o grupo essencial que garante a sobrevivência do indivíduo. Ela é regida por leis, costumes, direitos, normas e deveres de seus membros. Cabe a ela reproduzir a força de trabalho e perpetuar a Propriedade e influência.
Dentro dela há uma hierarquia de poder, em que, por exemplo, o homem pode deter mais poder em determinadas áreas, a mulher ser mais responsável pala educação dos filhos, mas não possuir poder de decidir no julgamento do marido, o filho primogênito por sua vez pode possuir mais voz e direitos e assim por diante. Dependendo da sociedade a ser analisada essa estrutura pode possuir diversas características.
A família tende a ser conservadora, pois os papéis transmitidos para que se mantenha o poder centralizado é tomado, por parte dos pais, como sendo natural e necessário para a sobrevivência de seus filhos, sendo transmitido a eles posteriormente esses mesmos conceitos. Isso é tido por eles como uma condição biológica e não como algo que foi definido histórica e socialmente ao longo do tempo.
Socialização primária refere-se ao processo em que a criança, ao se ver distinta do meio e dos outros, dá importância àqueles que provem seus sustento e necessidades básicas nos primeiros anos de vida, pois esses se tornam para ela importantíssimos afetiva e emocionalmente, ela passa a se identificar com eles, o que se reflete consequentemente em seus valores e comportamentos que se formação respectivamente.
Figuras de autoridade para a criança, como os pais e avós, determinam e repetem o discurso de que certas coisas são corretas ou erradas e que devem ou não ser feitas. Ao crescer esses conteúdos já estão introjetados pelo individuo que os vê como sendo algo natural, como se sempre tivessem pertencido a ele.
Socialização secundária se dá através da profissionalização e escolarização, geralmente na adolescência, em que o jovem recebe novas alternativas questionando a si e ao mundo. Ocorre devido a influência de outros laços afetivos, visões de mundo, pensamentos e experiências sociais que lhe proporcionam novas e diferentes formas de enxergar e entender a realidade, o que o faz questionar aquilo que aprendeu anteriormente definido dentro do processo de “socialização primária”.

A escola

A escola é institucionalizada como a família, responsável por reproduzir valores responsáveis pela propagação da cultura, o que garantiria o desenvolvimento de novos conhecimentos que beneficiariam o progresso do país.
Na escola a autoridade perde parte do enfoque que antes era fortemente trabalhado na estrutura familiar. Os professores já demonstram que são as figuras de autoridade determinantes com o poder que possuem de aprovar e reprovar.
O enfoque no ambiente escolar é dado ao individualismo e competição. É observável que dentro de uma estrutura programada de disciplinas existem as mais intelectuais, que exigem maior capacidade de abstração e que serão mais valorizadas, ao ponto de serem mais determinantes para a aprovação do aluno, o que deixa mais claro para ele que há uma distinção e oposição entre trabalho intelectual e trabalho manual.
O padrão de “bom” e “mau” aluno é estabelecido e reforçado correntemente, selecionando, o sistema, não necessariamente os mais aptos, e sim os que estão próximos aos padrões estabelecidos por ele. Beneficiam-se os alunos que apresentem concepções semelhantes as do enfoque dado pela instituição ou que sejam capazes de se adaptar para tal.
É a escola crítica aquela capaz de proporcionar a formação de indivíduos conscientes de suas exigências sócio-históricas, e que em decorrência disso serão capazes de reformular as práticas sociais. Esse exemplo foi parcialmente realizado em 1968/9 no Brasil como um anteprojeto de reforma universitária planejado pelo governo, mas sem qualquer consulta as bases. De várias propostas que surgiram, algumas foram realizadas, em caráter experimental. Porém essa experiência não durou mais que um semestre, pois no ano seguinte o poder institucional exigiu um retorno às normas vigentes sob pena de não reconhecimento de diplomas.

TRABALHO E CLASSE SOCIAL

O capitalismo visa a produção de bens materiais, que não só atendem a subsistência social, como buscam o lucro e o respectivo aumento do capital. Para isso a exploração da força de trabalho é fundamental. Há, pois, duas classes sociais básicas: a explorada e a dominada, ou seja, os que detêm o capital e os meios de produção e os que vendem sua força de trabalho.
A acumulação de bens faz com que o capital tome poder sobre os meios de produção, tornando assim a mercadoria mais do que o simples produto fabricado, mas transformando também a força do trabalho em uma mercadoria, ou seja, os próprios homens.
A atividade individual do sujeito vem de sua necessidade sentida que se objetiva em alguma coisa. Porém há necessidades biológicas básicas e há as “falsas necessidades”, que são necessidades de consumo criadas pelos meios de produção. O objeto que o homem produz é capaz de modificá-lo e vice-versa, ou seja, o indivíduo se modifica pela sua própria atividade.
Por meio do trabalho nos objetivamos socialmente e nos modificamos. A característica das sociedades atuais é que o trabalho se dá mediante a utilização de instrumentos, o que permite a cooperação e comunicação entre os homens. Mas quando há uma máquina de uma fábrica envolvida no processo, por exemplo, aquele que planeja determinado produto não é aquele que o fábrica, havendo assim uma desvinculação da ação de seu fim. A cooperação passa a ser mediada pela máquina e não mais pela comunicação, sendo que o operário torna-se incapaz de se reconhecer no objeto fabricado, despersonalizando-se e alienando-se.
O capitalismo gera uma grande contradição, pois o homem transforma o mundo que o cerca, mas não lhe é permitido decidir sobre esta transformação. O mesmo fato pode ser observado invertidamente ao do operário, no trabalho intelectual especializado, em que a este é permitido o pensar, mas lhe é negado o fazer.
A especialização fortalece também a elitização do conhecimento na sociedade por parte dos poderosos, o que se reflete até mesmo na linguagem dos intelectuais, que se mostra inacessível ao povo em geral.
O homem para que se liberte da alienação social e individual deve recuperar sua atividade histórica, social, de pensamento e de ação, que ocorrem em sua relação com outros homens e que se dão e realizam por meio da comunicação a atividades em ações cooperativas.

O INDIVÍDUO NA COMUNIDADE

As propostas da Psicologia Comunitária vem sendo sistematizadas dentro da Psicologia Social. Atividades que intervêm em prol da educação e consciência social de diversos grupos de convivência.
O objetivo central das atividades comunitárias tornou-se desenvolver relações sociais por meio da comunicação e cooperação, excluindo as relações de poder nocivas de uns sobre os outros, utilizando-se de métodos educativos.
É indispensável o entendimento do por que das necessidades que os leva a trabalhar em grupo e de como se dará sua realização para um melhor desenvolvimento da consciência social e de si mesmos, compreendendo assim, por meio de ações e pensamentos que são indivíduos históricos e sociais.
É importante lembrar também que a participação em certos tipos de atividades comunitárias pode ajudar, por exemplo, no desenvolvimento da consciência sobre o sistema capitalista, de classes sociais e no papel de cada um nesse processo, do qual todos fazem parte.

A PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL


“O indivíduo poderia ser simultaneamente causa e conseqüência da sociedade?”. Essa é uma questão trabalhada pela Psicologia Social que por sua vez foi proposta, segundo muitos, por Augusto Comte.
Seu desenvolvimento científico sistemático se deu depois da Primeira Guerra Mundial, junto a outras ciências sociais que buscavam entender as crises que abalavam o mundo. Foi nos EUA que a Psicologia Social atingiu seu auge.
O indivíduo atuava na sociedade, mas o estudo se dava por meio de teorias psicológicas já existentes, buscando relações de causas internas para esses fenômenos sociais. Foram feitos então estudos na área da personalidade, motivação, comportamento e até mesmo instinto. Indivíduo e sociedade eram tratados de forma distinta, como se não se influenciassem mutuamente.
Críticas mais agudas á Psicologia Social surgem na Europa no final da década de 60, e se destinava principalmente à Psicologia Social norte-americana, cujo caráter era definido, segundo alguns países europeus, como ideológico.
Na América Latina utilizavam-se muitos dos mesmos princípios dos desenvolvidos nos EUA, adaptando-se seus preceitos a sua própria realidade.
Os problemas da Psicologia Social geraram uma crise que a levou a ser denunciada para o Congresso de Psicologia Interamericana por Psicólogos que lhe criticavam metodologias e teorias. O Congresso seguinte, por meio de novas propostas e críticas mais bem definidas levou a um Simpósio que atraiu cientistas de diversos países da América Latina, incluindo o Brasil.
No Brasil o estudo levou ao questionamento teórico e durante um período surgiu mais uma vez o questionamento quanto ao indivíduo ser influenciado pela sociedade, mas também se esse poderia desempenhar papel de criador e modificador da mesma, sendo responsável pelo curso de sua história.
O psicólogo brasileiro era restringido a três áreas: a acadêmica, nas indústrias, e ao mercado de manipulação da opinião pública. O psicólogo que não desejava defender o a última área terminava, pois, preso a universidades e instituições semelhantes sem ser capaz, como outros cientistas das áreas sócias, de expressar suas idéias para a população e gerar progressos em sua sociedade.
A crise na Psicologia Social no Brasil permaneceu, sendo que ele não produziu um conhecimento especifico sobre sua própria realidade social, utilizando teorias de outros países nem sempre aplicáveis em seu contexto. Essa dependência cultural gerou uma estagnação no estudo dessa ciência, impedindo novas descobertas e explicações para questões sociais.
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